Rocco Siffredi...
Você pode não conhecer o nome dele, mas se assistiu a filmes
pornôs nos últimos 30 anos, provavelmente está familiarizado com o pau de 27
centímetros de Rocco Siffredi. Apelidado de "o Garanhão Italiano", o
ator de 52 anos já participou de mais de 400 filmes adultos e já transou com
aproximadamente quatro vezes mais mulheres, o que o coloca no mesmo patamar de
gente como Ron Jeremy e John Holmes (eleitos em 2002 como os 3 maiores astros pornôs de todos os tempos pelo AVN Award)

Nascido Rocco Tano em Abruzos, Itália, em maio de 1964; a
mãe do astro pornô inicialmente queria que ele fosse padre. Mas o coroinha
tinha "o diabo no meio das pernas", como ele se refere ao próprio
pênis, e uma carreira no entretenimento adulto se tornou mais ou menos
inevitável quando ele começou a procurar por isso. Ele já transou com quatro
gerações do pornô, estrelando longas de 35mm (o primeiro foi "Capri Vacation" (1986) de Mario Salieri) com roteiro e enredos, e atuando
durante as eras do VHS, DVD e internet em produções XXX. Além disto, Rocco ainda atuou (fazendo o que mais sabe fazer...) em filmes mainstream como " Romance" (1999)...
Amorestremo" (2001) e "Anatomia do Inferno" (2004)...Ainda assim, parece
que agora Siffredi cansou da putaria. Recentemente ele anunciou sua
aposentadoria, algo que já disse várias vezes no passado.

Casado desde 1991 com Rozsa Tano (nascida Rózsa Tassi e conhecida na indústria Hard Core como Rosa Caracciolo) e pai de dois
filhos, ainda é um mistério se sua lendária "espada" vai mesmo ficar longe dos
holofotes.
O casal Rozsa & Rocco...
O extraordinário
documentário” Rocco” (2016) dos cineastas franceses Thierry Demaiziere e Alban
Teurlai, que estreou recentemente no Festival de Cinema de Veneza, é um retrato
que tenta desvendar o que se passa na mente do ator pornô. É um olhar
introspectivo sobre Siffredi, que se abre sobre a morte do irmão, sua reação
sexual à morte da mãe, seu relacionamento com a esposa e os dois filhos, e,
claro, porque ele gosta tanto de realizar atos carnais diante das câmeras. Mas
o filme lida principalmente com a culpa católica do ator. Tipo um Boogie Nights
dirigido por Martin Scorsese.

O filme começa do único jeito possível: com um close do
pênis de Siffredi. E a narrativa segue enquanto ele escolhe as atrizes para um
filme que está dirigindo, entrevistando cada uma para saber se elas estão
preparadas para os extremos sexuais que ele deseja mostrar, desde closes de
anal a jogos envolvendo asfixia erótica. Depois os cineastas seguem Rocco até
Budapeste, onde sua esposa, Rozsa Tano, mora, e depois em viagens para a Itália
e Los Angeles. No filme, os diretores oferecem um vislumbre geral da indústria
pornô, detalhando, por exemplo, os extremos que alguns artistas estão dispostos
a ir para ter sucesso.
Siffredi é fascinante, alegre e depravado ao mesmo tempo. Entrevista da revista VICE US com o artista depois da estreia do documentário no Festival de Cinema
de Veneza.
VICE: Por que fazer esse documentário agora?
Rocco Siffredi: Já tinham me abordado algumas vezes para
fazer um documentário, o primeiro foi um diretor polonês quando eu tinha 40
anos. Naquela idade, eu não achava que tinha muito a dizer, mesmo estando na
indústria há 20 anos. Depois vieram cineastas italianos, mas achei que os
italianos não entenderiam a sexualidade sem preconceitos. Aí vieram os
franceses [os diretores Thierry Demaiziere e Alba Teurlai]. Você pode dizer que
nasci na França, pelo menos artisticamente, porque foi lá que me tornei ator pornô.
Me encontrei com os diretores e eles disseram que queriam
fazer um filme sobre o pornô mas precisavam de um protagonista, e eles achavam
que eu podia ser essa pessoa. Depois de algumas horas de conversa, eles mudaram
de ideia e disseram que queriam focar a história em mim. E acho que atingi um
ponto da vida onde tudo se tornou mais problemático, então eu queria fazer esse
filme como um jeito de despejar tudo que está dentro de mim.
Você fala sobre as mortes da sua mãe e do seu irmão no
documentário. Foi difícil abordar esse assunto?
Sabe, passei por muito sofrimento na minha vida. Quando você
tem seis anos, perde seu irmão e vê sua mãe enlouquecer por causa da dor, é
impossível continuar normal. É impossível esquecer essa dor. Do nada, você só
quer fazer algo que torne a vida um pouco menos difícil. Por causa dessas
tragédias, eu estava pronto para fazer qualquer coisa.
Mas por que pornô?
Eu já era sexualmente ativo aos 11 anos, e lembro que todos
os outros garotos tinham zero experiência com sexo, então eu sabia que havia
algo especial. Mas isso não foi o principal. O principal é que eu estava sempre
tentado dar algo a minha mãe que a ajudasse com a dor que ela estava passando
por causa da morte do meu irmão.
Também lembro de achar uma revista quando eu tinha 13 com
fotos de um cara chamado Supersex, que era um ator pornô famoso nos anos 70.
Haviam fotos dele transando com uma morena, aí você virava a página e tinha
fotos dele transando com uma loira, você virava a página e ele estava transando
com uma ruiva, aí você virava a página e ele estava transando com as três.
Eu
vi aquilo e disse que queria entrar para aquele negócio. Liguei pro meu irmão
mais velho, que morava em Paris, e contei isso para ele. Ele disse: "você
é louco". Aos 16, liguei de novo e ele disse "você não desistiu? Você
é completamente louco!" Aí liguei de novo aos 20 e ele me disse que se
fosse até um clube de swing, eu encontraria alguém do pornô para me ajudar
nisso. E funcionou. As pessoas me viram transando na frente de todo mundo e
daquele dia em diante, minha vida mudou. Era o paraíso.
Trabalho com meu pau e nunca tive problemas com isso. Nunca.
Por que você chama seu pênis de "o diabo no meio das
minhas pernas"?
Porque o diabo possui seu corpo. Não é você que o possui.
Por muitos anos, usei o sexo para minha conveniência. Quando o sexo começa a te
usar, isso significa que você está viciado, e isso é o diabo. É a mesma coisa
com drogas e álcool — tudo isso é o diabo. Quando ele está te usando, faz você
fazer tudo que ele quer. Ele te faz fazer coisas que você realmente não gosta.
Essa não é a primeira vez que você fala em se aposentar. O
que aconteceu aos 40, quando você disse que só trabalharia atrás das câmeras
como diretor?
Tentei me aposentar pelos meus filhos. Eu queria parar de
atuar diante das câmeras na época em que eles eram adolescentes e estavam
prontos para começar suas vidas sexuais. Tentei fazer coisas do outro lado das
câmeras para não prejudicá-los. Por outro lado, isso foi um erro. Primeiro,
prejudiquei a mim mesmo parando. Segundo, comecei a procurar prostitutas duas
ou três vezes por dia. Três vezes por dia: prostitutas, prostitutas,
prostitutas... porque eu estava acostumado a fazer muito sexo.
Isso afetou seu casamento?
Claro, mas estou com uma mulher muito inteligente que
entende minha situação. Ela me disse que eu precisava voltar a atuar. Se é
disso que você sente falta, e está transando com prostitutas para substituir [a
atuação], então qual o objetivo de se aposentar?
Antes, havia muito diálogo, muita comédia e muita estrutura.
Hoje é apenas sexo, muito sexo e zero diálogo. Não tem mais romance.
Rocco Siffredi & Rosa Caracciolo juntos no clássico "Tarzan X" (1994) de Joe D'Amato
Foi estranho para você pagar por sexo em vez de ser pago
para transar?
Sim, e às vezes acontecia uma coisa engraçada. As
[trabalhadoras sexuais] viam meu pau e diziam "uau, que enorme, por que você
não vira ator pornô?" Sério, isso aconteceu várias vezes. E eu respondia
"é, vou pensar nisso".
Como é estar sempre falando sobre o tamanho do seu pau?
"Quantos centímetros tem o seu pau?" é uma
pergunta que respondo com frequência, então estou acostumado. Sei que meu
trabalho é o meu pênis. Sei que quando trabalho, são duas pessoas trabalhando:
eu e o meu pau. Nós dois somos famosos. Na minha cabeça, isso sempre esteve
claro. Não estou desapontado. Não me sinto um objeto. Trabalho com meu pau e
nunca tive problemas com isso. Nunca.
Como você acha que o pornô mudou durante sua carreira?
Passei por quatro gerações diferentes, e há uma grande
diferença entre a época em que comecei e hoje. Antes você tinha duas cenas por
semana, muitos diálogos, filmávamos em 35mm, etc. Levava mais tempo para mudar
a posição da câmera, as luzes e tudo mais, então o sexo era curto. Havia muito
diálogo, muita comédia e muita estrutura. Hoje é apenas sexo, muito sexo e zero
diálogo. Não tem mais romance. São apenas tomadas diferentes do corpo feminino:
tomadas dos peitos, tomadas apenas dos pés, tomadas do anal. Ultimamente, a
maioria das garotas faz tripla penetração anal, e às vezes você nem toca nela;
são só três paus enfiados juntos. Isso é completamente diferente do que
costumava ser o pornô.
E isso é melhor ou pior?
É muito pior. Eu, alguém que transa com uma mulher com o
coração, preciso de conexão, preciso usar minhas mãos, preciso do cheio,
preciso do poder. Preciso usar tudo isso. Hoje, eles não têm tempo para nada
disso. Eles não dão a mínima. Eles só precisam dos corpos. Corpos, corpos,
corpos. Gente nova. Paus novos. Não gosto de sexo sem conexão. Não temos mais
dinheiro para fazer [narrativas longas] como antigamente. A indústria mudou
porque a internet fodeu tudo. Ninguém tem dinheiro para fazer grandes filmes
com enredo.
Gosto da internet porque isso ainda dá a pessoas que não tem
dinheiro, que vivem em países onde as garotas são invisíveis, a oportunidade de
sonhar em ver uma garota bonita fazendo coisas incríveis. Por outro lado,
infelizmente, isso destruiu completamente a indústria. Tem sexo grátis por todo
lado, então por que pagar?
Você conseguiu fazer Kelly Stafford sair da aposentadoria
para um último filme seu. Por que isso era importante?
Kelly é a maior atriz pornô para mim. Ela é A atriz pornô.
De certa maneira, ela é como seu eu fosse mulher.
Rocco & Kelly em "Rocco's Golden Gaspes"
Ela é mais poderosa que você por ser é mulher?
Cem por cento. Sem dúvida. Ela é muito poderosa. Sinto
atração por pessoas que são especiais. Pessoas especiais sempre me atraíram.
Quando alguém diz "essa pessoa é louca", quer dizer que ela deve ser
inacreditável. Não gosto de gente normal. Eles sempre me entediam.
Você acha que algum dia vai realmente se aposentar?
Foi o que eu disse depois desse filme, nunca mais vou
responder essa pergunta. Quer dizer, nunca vou dizer que vou me aposentar ou
que vou voltar. No momento estou fora, mas não posso dizer que não vou voltar.